ECONOMIA



Como investidores malucos (como eu) devem investir


Antes de qualquer coisa, quero avisar que, depois de um longo e tenebroso inverno, vai ter uma live comigo (faz tempo que eu não faço!).

Nesta 2ª feira (dia 25/11 às 19h) vai ter uma live comigo junto com a SmarttInvest (que é a “sucessora” da CDI – Carteira do Investidor) sobre “carteiras inteligentes”.

Basicamente, as minhas carteiras quantitativas de ações estão sendo “transferidas” para a SmarttInvest (juntamente com algumas novas carteiras) e, enfim... Vamos falar de carteiras de investimento, e tenho certeza de que você vai gostar bastante!

Então, clica no LINK AQUI e já se inscreve.

 

Outra coisa: ACABEI de publicar um vídeo novo no canal “O Investidor Cético”, falando sobre escalas de trabalho e essas coisas... Hoje nosso amigo Putin resolveu mandar um míssil intercontinental de presente para a Ucrânia, então esse assunto da escala de trabalho já virou “assunto velho”.

Mas, ainda assim, veja o tema apresentado com o “tratamento cético” clicando NESTE LINK (que vai para o vídeo no YouTube).

 

Mas vamos lá...

Vou contar uma coisa que (talvez) você não saiba: Eu sou "clinicamente louco", doidão, xarope da cabeça... Eu vim “de fábrica” com o pacote doideira completo... Ansiedade, paranoia, depressão e mais algumas coisinhas.

Eu só NÃO TENHO psicopatia e bipolaridade (isso não estava nem na lista de opcionais). Mas, de resto, eu marco todas as caixinhas...

Isso faz com que seja particularmente difícil, para mim, ser investidor ou, mais que isso, um “trader”.

Eu tenho uma aversão a perdas doentia, sou hesitante, medroso e ansioso. Tenho medo de “puxar o gatilho” e, quando puxo, frequentemente faço com valores pequenos (muito menores que a minha real capacidade). E, depois que estou em alguma operação, minha ansiedade me faz ficar o tempo todo olhando gráficos, movimentações de preços... Mesmo em operações que deveriam ser de prazo maior.

E, como dizem lá no Vale do Silício, “it’s a feature, not a bug”. Ou seja, não é um defeito meu, mas sim uma característica de minha personalidade.

Não é uma falha que deva ser “consertada” (aliás, talvez isso sequer POSSA ser consertado).

No mundo dos investimentos, tem dois assuntos que acabaram virando as minhas maiores áreas de interesse. O primeiro é a psicologia do investidor e a influência dos fatores emocionais nas decisões de investimento (inclusive, acabei até mesmo buscando educação formal nessa área).

O segundo são metodologias e abordagens operacionais de base quantitativa, apoiadas em critérios objetivos e que procuram, na medida do possível, excluir o “fator humano” (ou seja, eu...) do processo de decisão.

Ou seja, para eu ter sucesso como investidor e/ou trader (e acho que posso dizer que sou um caso de sucesso...), eu tive que, em primeiro lugar, compreender e aceitar as minhas características psicológicas e de personalidade.

E, em segundo lugar, eu tive que buscar (ou mesmo desenvolver) abordagens de investimento e de operações no mercado financeiro que SE ADAPTEM A MIM (e não o contrário).

Um dos principais fatores de fracasso nos investimentos e no trading é que as pessoas querem se adaptar a determinadas abordagens operacionais, e não buscar abordagens que se adaptam a elas. E se forçar a fazer algo que não se quer fazer (ou que não é adequado) é uma forma de violentar a si próprio.

No meu caso, eu PRECISO operar com regras. Tenho grande admiração por pessoas que conseguem operar no mercado financeiro de forma intuitiva, “sentindo” o mercado, fazendo leituras em tempo real e tomando decisões (sim, essas pessoas existem e algumas têm grande sucesso), mas EU NÃO CONSIGO ser assim.

Aliás, tem uma passagem interessante do livro “Rápido e Devagar”, do Daniel Kahneman (um livro que considero obrigatório para qualquer investidor), em que ele relata sua experiência no exército israelense ao desenvolver sistemas para entrevistas de recrutamento.

A fala dele é que “um sistema ruim ainda era melhor que nenhum sistema”, relatando que um conjunto de regras imperfeito para as entrevistas ainda assim conseguia, no longo prazo, um resultado melhor do que a intuição dos entrevistadores.

Eu me tornei um entusiasta de modelos de investimento baseados em regras – pois é aquilo que funciona para mim.

É comum o uso da expressão “modelos quantitativos” ou “abordagem quantitativa” para sistemas baseados em regras. Mas, apesar de o nome “quantitativo” remeter a algo complexo e sofisticado, não necessariamente é o caso.

Eu posso criar uma regra MUITO SIMPLES como “todo dia 20 do mês, vou investir 5% do meu salário em um ETF que replica o Índice Bovespa”. E, ao criar essa regra, eu a executo sem hesitação – sem ficar me preocupando se a bolsa está caindo, se subiu demais etc.

Se eu executar uma regra simples como essa de forma CONSISTENTE, inevitavelmente terei sucesso, pois estarei fazendo um bom custo médio (a propósito, quando aplicado em ações, o custo médio tende a virar “custo MÉRDio” – mas com ETFs funciona...).

Em alguns casos, é possível também automatizar esse processo. Sabe aquelas carteiras da SmarttInvest que mencionei lá em cima? Pois é, elas serão automatizadas (não precisa nem “apertar botão”) e a composição é atualizada periodicamente (tipicamente a cada 3 meses, que é o período que apresenta os melhores resultados nos testes que faço).

Já em outros casos, a automação não funciona tão bem. Nas minhas operações com opções (que é o tipo de operação que eu mais faço na “pessoa física”), tenho regras e sistemas para SELECIONAR as operações (a turma da minha comunidade de opções já se cansou de ouvir falar em “Merendroid” e “High Five” – que são os dois “robôs” de seleção de operações). Porém, por razões técnicas que não vou detalhar aqui (para não te aborrecer nem entediar), a execução precisa ser manual – não pode ser automatizada.

Mas, ainda assim, tem uma regra. Preciso respeitar a regra e segui-la, pois as regras são o antídoto contra a minha própria loucura.

O ponto que quero chegar é que é possível ter sucesso nos investimentos e no trading, mesmo sendo maluco e ansioso como eu sou (e eu sou o meu maior “case de estudos”).

Existem inúmeras abordagens baseadas em regras, tanto para investimentos de longo prazo quanto para operações mais “especulativas” de curto prazo.

E, dentre essas abordagens baseadas em regras, existem aquelas que foram validadas estatisticamente (ou seja, passaram pelo famoso “backtest” – que é o teste da estratégia em dados históricos) e aquelas que podem ser automatizadas. Neste último caso, o investidor não precisa nem “seguir” as regras – basta programar a ferramenta de automação que está sendo usada e “ver a mágica acontecer” (se tudo for feito direitinho, essa “mágica” será, espera-se, lucrativa...).

Ahhh... Um último aviso: Estou “retomando” esta newsletter lentamente. Os textos que estou mandando por aqui eu não estou (ao menos por enquanto) postando no site, onde tem uma área de comentários (talvez eu faça isso depois – estou considerando seriamente).

Mas, se quiser me contar qual é o seu “grau de loucura”, pode responder a este e-mail!

E, se quiser dar “aquela força”, encaminhe este e-mail para seus conhecidos e sugira que eles se inscrevam na newsletter. O link é https://www.andremassaro.com.br/newsletter

Um abraço!

 

André Massaro

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